O novo mapa do cérebro
A ciência começa a solucionar alguns mistérios que envolvem a caixa-preta humana, comprova a eficácia de terapias hoje consideradas clássicas e traz à tona descobertas que podem mudar o rumo dos tratamentos neurológicos. por Fábio de Oliveira, de Natal, com reportagem de Samuel Ribeiro
É impossível apreciar toda a musicalidade de uma sinfonia como a Nona de Beethoven apenas ouvindo uma de suas notas. Com o cérebro acontece algo semelhante. A compreensão das funções e peculiaridades da massa cinzenta dificilmente será alcançada por meio do estudo de uma única célula nervosa. Dessa forma, os cientistas hoje tentam escutar a fundo o concerto neuronal que ecoa via impulsos elétricos dentro da nossa cabeça.
Por meio de eletrodos e de exames de imagem capazes de visualizar o que acontece no sistema nervoso eles estão conseguindo decifrar e transcrever fragmentos da mente humana e, assim, encontrar meios eficientes para tratar males como a depressão ou o Alzheimer. Um outro estudo, realizado em conjunto por pesquisadores da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia, e da Academia Sahlgrenska, na Suécia, reforça a idéia de que as revelações muitas delas inusitadas sobre a massa cinzenta são capazes de mudar o rumo do tratamento de doenças como Parkinson e Alzheimer.
Os especialistas suecos e neozelandeses encontraram uma espécie de fábrica de neurônios no sistema nervoso de adultos, atestando que seu cérebro pode, sim, criar células nervosas novinhas em folha - proeza que, acreditavam antes, só podia ser realizada nos anos de infância. Os pesquisadores chegaram até mesmo a localizar uma das maternidades que abrigam células-tronco capazes de se transformar em neurônios.
Trata-se da zona subventricular, situada nas paredes dos ventrículos laterais, câmaras entre os hemisférios cerebrais cheias de liquor. Da zona subventricular essas células-tronco migram para o bulbo olfatório, região que processa os odores que sentimos. "Nessa área as células nervosas estão constantemente morrendo. Por isso ela requer substitutas sempre", explica à SAÚDE! Maurice Curtis, um dos autores da pesquisa. O pulo-do-gato era saber como se dava esse processo migratório.
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