NAS FÉRIAS ( e feriados) COM ALZHEIMER
Sabemos que o cuidador familiar, principalmente aquele que assume sozinho a tarefa de cuidar de um idoso, é uma pessoa que trabalha vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, sem direito a de
scanso semanal ou férias. Por outro lado, sempre ressaltamos a importância do cuidador dividir suas tarefas com outras pessoas e, principalmente, dele ter um tempo livre para ele mesmo.
Final de ano nos remete, além da lembrança das festas e confraternizações, às férias, um descanso merecido para aquele trabalhador ou estudante que se dedicou às suas atividades durante todo o ano que termina, porém, como o cuidador de um familiar portador da Doença de Alzheimer pode usufruir de suas férias? É impossível fornecer uma “receita de bolo” relatando, passo a passo, o que fazer, o que dará certo com todos os portadores da doença, visto que cada caso é um caso, portanto, uma dica que pode dar certo com uma pessoa pode dar errado com outra. Seguem a seguir algumas dicas e cuidados que os familiares portadores de Doença de Alzheimer devem se atentar antes de pegar a estrada.
A primeira questão a se fazer é: em que fase da doença meu familiar se encontra? Qual seu nível de dependência? Um idoso na fase inicial da doença (e seu cuidador) podem se beneficiar com uma viagem, mas à medida que a doença avança, os benefícios vão dando lugar a uma série de inconvenientes, principalmente se o idoso for agressivo ou se estiver acamado.
De qualquer forma, não faça viagens longas, pois depois o processo de readaptação à casa pode ser pior. O cuidador nunca deve viajar sozinho com o idoso, precisa sempre da ajuda de outros cuidadores (seja membros da família ou cuidadores profissionais). Tendo a ajuda de outras pessoas, além do cuidador poder contar com alguém para auxiliar no cuidado do idoso, em especial nos momentos de crise, o cuidador pode aproveitar alguns momentos da viagem para descansar um pouco.
Dê bastante atenção ao escolher o tipo de transporte no qual ocorrerá a viagem (contornar uma situação de crise num avião pode gerar grandes problemas, por a tripulação poder enxergar as reações do idoso como ameaça à segurança do navio). Escolher um bom lugar para ficar hospedado também é importante, dê preferência a hotéis tranqüilos, sem programação recreativa (músicas, agitação, muitas crianças), o que pode deixar o idoso mais impaciente. Caso optem por ficar em casa (alugada para temporada ou de parentes), reservem um quarto para o idoso e para o cuidador que irá acompanhar o idoso, deixá-lo em ambientes muito lotados pode deixá-lo mais agitado.
Portadores da doença de Alzheimer que apresentam sintomas como intensa inquietação, agressividade, desorientação (em especial aqueles que pedem para “ir embora” diariamente) podem não se sentir bem em viagens. A mudança de ambiente pode aumentar a desorientação, deixando-os mais confusos, mais agressivos, o que pode transformar a viagem num verdadeiro caos para o idoso e para o cuidador.
Mesmo no estágio inicial da doença, em caso de viagem deve-se ter atenção redobrada com possíveis fugas, pois num ambiente diferente, o idoso pode se perder, caso saia desacompanhado. Nestes casos, não permitir que o idoso saia sozinho, mesmo em pequenos deslocamentos. Além disso, sempre deixar em seus pertences (bolsa, carteira) um papel contendo seus dados de identificação. Caso o idoso se incomode com este papel, uma alternativa é colocar nele uma pulseira com estas informações gravadas.
Idosos acamados não devem viajar. Nestes casos, para o cuidador viajar tranqüilo ele deve deixar o idoso na companhia de alguém de total confiança, seja familiar ou profissional, indispensável que seja alguém já conhecido do idoso, contratar alguém de imediato pode deixá-lo mais assustado, agressivo e desorientado. No caso de deixá-lo com alguém de confiança, não se esqueça de deixar com a pessoa o nome e o telefone do médico responsável, um telefone para que o cuidador possa ser contatado durante a viagem. Importante destacar que, caso decidam deixar um idoso em casa com outro cuidador e viajar, o familiar não deve ficar se sentindo culpado com isso, senão ele não conseguirá aproveitar sua viagem.
Uma última alternativa é deixar o idoso numa instituição de longa permanência para idosos durante a viagem, tomando os devidos cuidados de verificar se a instituição atende aos pressupostos de higiene e segurança, se possui alvará de funcionamento e se os profissionais que lá trabalham são confiáveis. Mesmo assim, deve-se tomar todos os cuidados elucidados no parágrafo anterior. Caso o idoso não participe da viagem, o cuidador deve viajar ciente de que, caso aconteça qualquer intercorrência com o mesmo, ele deverá se deslocar o mais breve possível para a companhia do idoso.
Fonte: Cuidar de Idoso