Comprometimento cognitivo de doentes afeta saúde de acompanhantes
A saúde pessoas que acompanham e cuidam de doentes em casas de família é afetada pelo comprometimento cognitivo leve desses pacientes. É o que revela uma pesquisa recente, conduzida na Virginia Tech University, nos Estados Unidos.
Os resultados revelaram que quanto mais o dia de um acompanhante é interrompido por comportamentos instáveis do doente, mais eles se vêem incapazes de cumprir e organizar as tarefas da casa. Segundo os pesquisadores, isso aumenta o efeito do estresse elevado no próprio corpo e coloca os acompanhantes em risco para problemas de saúde em curto e longo prazo.
Comprometimento cognitivo leve representa uma fase transitória entre as mudanças cognitivas normais relacionadas com a idade e estágios iniciais da doença de Alzheimer. Ele é caracterizado por mudanças na memória que não interferem com as atividades diárias, mas podem causar frustração e ansiedade entre as pessoas com a deficiência e os membros da família.
Os dados da pesquisa mostraram, particularmente, o envolvimento crescente dos níveis de cortisol em amostras de acompanhantes. Cortisol é um hormônio produzido pelo corpo e em resposta ao estresse.
"Fornecer suporte para um parente com dificuldades cognitivas muitas vezes requer mudanças significativas nos papéis e nas responsabilidades todos os dias. Essas mudanças custam caro às relações familiares e à saúde psicológica, e trazem consequências para a saúde física do acompanhante", explica a autora principal Tina Savla.
De acordo com Savla, "lidar com as questões do dia-a-dia com uma pessoa com comprometimento cognitivo pode permitir pouco tempo para recuperação e sobrecarregar o sistema hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA). O rompimento deste sistema provavelmente contribui para doenças metabólicas, cardiovasculares e funções imunes".
Para agrupar dados para o estudo, a equipe fez telefonemas para 30 cônjuges acompanhantes durante sete dias consecutivos para descobrir como o tempo foi gasto naquele dia, as interações com o cônjuge e outros membros da família, o humor, bem como o humor do paciente e o comportamento ao longo do dia. Amostras de saliva foram coletadas dos acompanhantes em quatro dias de estudo para medir os níveis de cortisol.
Os pesquisadores descobriram que quando os problemas comportamentais se intensificaram, normalmente durante o final da tarde e nas primeiras horas da noite, os acompanhantes acharam necessário cortar ou ignorar as próprias tarefas programadas, aumentando a frustração e a angústia. Este efeito foi ainda maior quando interações negativas com os parceiros aumentaram como resultado, e menos interações positivas aconteceram.
Dificuldades e reações relatadas durante as entrevistas diárias foram confirmadas pelo teste de saliva que mediu os níveis de cortisol. Savla sugere que os acompanhantes estão tendo reações de estresse que podem colocá-los em maior risco de problemas de saúde física. A equipe encontrou níveis elevados do hormônio durante todo o dia.
"Ajudar os acompanhantes a aprender técnicas de gestão pode ser particularmente benéfico para a saúde física e bem-estar psicológico, assim como ajuda a melhorar a capacidade para continuar a prestar assistência e cuidados para a pessoa com deficiência cognitiva em longo prazo", conclui Savla.
Fonte: Net Saúde/ R7
Postado por Daisi Oliveira de Souza
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