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22 de jan. de 2013

O NOVO CÉREBRO

-------------------- O NOVO CÉREBRO ---------------------


Os avanços da neurociência estão permitindo descortinar um novo konzept não apenas sobre a estrutura, mas também sobre o funcionamento e o papel do cérebro em todo o corpo humano. Ele faz parte de um sistema integrado, holístico.
Com os estudos já realizados a partir do Connectome, chegamos a um ponto de entendimento de que o cérebro, na realidade, é uma grande rede, e não uma parte estanque do corpo. Tampouco se limita a ser apenas aquele órgão que conhecemos dentro da caixa craniana. Por mais paradoxal que possa parecer, ao mesmo tempo em que deixa de ter o poder absoluto que lhe foi arbitrado em séculos de estudos, o cérebro ganha uma nova dimensão e se espalha por todo o corpo. 

Acreditem senhores, e, por favor, dispensem as camisas de força. Podemos afirmar que o cérebro não está apenas na cabeça. Ele se 'espraia' como rede formando a identidade do seu próprio corpo (self) e se estende extracorpo na formação de uma fisionomia cultural e social. Ele vai da ponta do dedão do pé até o teto da Capela Sistina ou da sonda Phoenix, pousada em Marte, passando por panturrilhas e braços. Ou seja: passe a cuidar bem dos seus cotovelos. Eles também pensam e sentem por você.

Estudos recentes comprovam este novo conceito do cérebro. Uma das pesquisas mais emblemáticas foi conduzida pelo médico português António Damásio, um dos grandes nomes da neurociência e professor da University of Southern California. Ele forjou a invasão de uma casa com homens encapuzados, que assaltaram as pessoas. Nenhum dos presentes viu o rosto dos supostos ladrões. Depois ele criou uma situação para que um dos “assaltantes” passasse na rua ao lado de uma das pessoas que estavam na residência. Ela teve uma sensação horrorosa, algo que não estava na elaboração mental dela, mas, sim, em seu corpo. Automaticamente, ela vinculou aquele sujeito a seu lado a um episódio de estresse e angústia.

Essa associação comprovada pela experiência feita por António Damásio apenas revelou a importância de um mecanismo fundamental para o entendimento desta nova concepção sobre o funcionamento do sistema nervoso e, mais especificamente, do cérebro: os marcadores somáticos. Segundo a tese de Damásio, os marcadores somáticos podem guiar o processo emocional, o comportamento, principalmente a tomada de decisões. São associações entre estímulos e um estado afetivo e fisiológico, capazes de interferir em nosso processo cognitivo.

A tese de António Damásio apenas reforça a ideia de queo cérebro está em todas as partes, ou seja, há um sistema integrado que rege as reações nervosas e emocionais. Nosso corpo é cheio de marcadores somáticos, sensores que captam deslocamentos táteis, vozes, gestuais, enfim, qualquer fenômeno externo capaz de criar uma resposta interna. Essas sensações são enviadas para as diversas regiões do cérebro, que funciona como uma espécie de satélite e retransmite o sinal para o corpo. Portanto, dentro deste novo ângulo de compreensão, é absolutamente equivocado dizer que a emoção está no cérebro. Ela até está, mas não apenas lá. Distribui-se, isso sim, pelos marcadores somáticos, mecanismos como disparo do coração, mal-estar epigástrico, uma dor na virilha ou sensações de medo, fome, sede, desejo sexual. 

Por isso, podemos dizer: o cérebro mudou e não mais está circunscrito à caixa craniana. Não há qualquer exagero ou crime de lesa-ciência ao se afirmar que ele está no joelho, nas dobras do mindinho, no baço, no lóbulo da orelha, nos quadris, na virilha. O corpo está no cérebro, e o cérebro, por meio dos marcadores somáticos, está em todas as latitudes do corpo. Quando disse que o homem pinta com o cérebro e não com as mãos, Michelangelo atirou no que viu e acertou no que não viu. A partir desta nova concepção do sistema nervoso, cérebro e mãos funcionam como um só órgão.

Fonte: Recorte do artigo "A Parte e o Todo: O Novo Cérebro e seu contexto histórico" que se encontra no blog Neuroscience;




Postado por Daisi A de Souza




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