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8 de mai. de 2010

'Cães terapeutas'

01/05/2010 11h04 - Atualizado em 01/05/2010 11h04 - Carolina Lauriano Do G1 RJ

'Cães terapeutas' ajudam a tratar depressão e Alzheimer

'Pet terapia' conquista espaço em casas de reabilitação no Rio.
ONG Pêlo Próximo terá reforço de calopsita nas visitas de trabalho.

Idosos com Alzheimer, portadores de necessidades especiais, além de crianças e adultos com depressão podem obter avanços no quadro clínico graças ao contato com cães. A afirmação é da ONG Pêlo Próximo - Solidariedade em 4 patas”, que utiliza a chamada "pet terapia" (terapia realizada com a presença de animais) para ajudar no combate a doenças e ainda estimular o respeito ao animal.

São 23 “cães terapeutas”, de diferentes raças, e 35 voluntários no projeto, entre veterinário, adestrador, fonoaudiólogo, psicólogo, fisioterapeuta, acupunturista e terapeuta ocupacional. De acordo com a psicóloga e coordenadora do grupo, Roberta Araújo, os animais realizam atividades para trabalhar o raciocínio, como a escovação, exercícios com arco, boliche e futebol, além da apresentação de shows dos cães.

“A vantagem do cão é que o amor dele é incondicional. Para ele não tem preconceito. Em visitas a idosos, você vê um idoso que não levanta a mão pra pegar um copo de água, mas ele abaixa o tronco pra fazer carinho no cachorro, ele penteia o cachorro, que é um exercício de extensão dos membros. Se é cadeirante, é um tipo de exercício, se é idoso, é outro”, explica Roberta.

Para as crianças, há ainda o “pet health”, quando os cães viram os pacientes e os pequenos, os médicos. “Eles escutam o coraçãozinho do cachorro, examinam os olhos, dão injeção com seringa sem agulha, enfaixam a patinha”, exemplifica.

Calopsita vai ajudar no trabalho

A partir de maio, o projeto ganha um novo integrante: a calopsita Billy. O objetivo é que a ave auxilie no estímulo da motricidade fina, como a ação de segurar um copo, por exemplo.

“Na verdade, isso não é nem um trabalho, é um prazer inenarrável. Se os cães pudessem falar, eles diriam da alegria que é atender quem realmente necessita, quem está abandonado em lares e hospitais. Eles mudam completamente a rotina dessas pessoas. E essas pessoas adquirem uma esperança a mais”, disse a psicóloga, que alegou ainda que, em alguns casos, pacientes até diminuem a ingestão de remédios após a visita da ONG.

Quem já participou, faz festa. A dona de casa Elisabete Teixeira, de 47 anos, é voluntária do grupo e dona de um dos cães e da calopsita. Ela começou o trabalho por causa da filha Nathália, de 21 anos, que sofre de depressão e ansiedade. “Pra gente é altamente gratificante. Faz bem pra gente e a gente vê a felicidade do outro. Minha filha teve uma melhora muito grande. E os visitantes adoram. Na despedida sempre pedem pra gente não demorar a voltar”, contou.

Mas ainda há resistência de algumas clínicas de reabilitação em relação aos animais, segundo a coordenadora. “Há um preconceito. É difícil entrar em hospitais, eles não aceitam. Aqui no Rio é muita luta, em São Paulo eles têm passagem aberta”, revelou.

Idosos com Alzheimer exercitam a memória

A assistente social Rita de Cássia Ribeiro, dona de uma clínica para idosos no Grajaú, Zona Norte do Rio, já recebeu o grupo Pêlo Próximo e faz coro com a psicóloga. “A pet terapia é uma coisa muito nova. A vigilância sanitária tem muito medo dos animais. O animal tem que estar totalmente vacinado, entre uma série de outras exigências, e tem gente que não gosta de bichos”, disse.

Para Rita, no entanto, que tem especialização em Gerontologia, os animais são extremamente importantes na recuperação de várias doenças. Segundo ela, o contato com os cães estimula o retorno ao passado para idosos com Alzheimer. Ela conheceu esse tipo de trabalho em um congresso e desde então o adota em sua clínica.

“É um trabalho maravilhoso. Tem uma senhora aqui que ela nunca sorri, e ela sorrindo pra gente com a cachorrinha menor foi fascinante. E aí eles lembram que tiveram animais, lembram do nome”, explicou ela.

Segundo ela, mesmo sabendo que poucos idosos se recordam da experiência com o grupo, os instantes de felicidade que os animais proporcionam nas visitas são compensatórios e transformadores. “É uma coisa que não abro mão”, declarou.

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