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16 de nov. de 2009

EU e o ALEMÃO

IBSN 978-85-7869-099-0 CDU 82-3(81)  EU e o ALEMÃO -Claudio Kaldas. ---- SÃO PAULO - Editora Livro Pronto.

Trata-se de um livro de memórias que versa sobre uma senhora de 80 anos que vem sofrendo com os sintomas progressivos e degenarativos do "MAL DE ALZHEIMER" e que a vida faz com que tenha um encontro com um personagem que possuí alterações abruptas e sérias de humor.


A convivência - relacionamentos, sentimentos e emoções - dessas duas personagens centrais e de tantas outras que se avizinham, faz com que um dos personagens relembre a possa reviver algumas passagens de sua vida já há muito guardadas no esquecimento. Isso tudo ocorre de forma branda e por vezes cômica, mas sempre respeitosa. E como não poderia deixar de ser, ocasiona "cobranças" muitos "por quês" e "contestações fundamentadas"(marca registrada do autor que antes de qualquer coisa, costuma olhar pro próprio umbigo) ou que deixa o livre arbítrio dos leitores a decisão.



Assim se desenrola " EU e o ALEMÃO".



Pequena DEGUSTAÇÃO:



**************APRESENTAÇÃO*******************





Fui apresentada ao autor e sua obra no mesmo  dia.

Conforme conhecia um, conhecia ao outro.


O filho é a cara do pai...

A principio, lendo, ficava um pouco perdida com todos seus parênteses... Como quando a gente vai pela primeira vez numa casa muito grande e cheinha de janelas... Cada uma dando vista a uma paisagem que dá vontade de olhar com mais cuidado. Como se a gente precisasse escolher uma das janelas para poder ficar tempos olhando e sentindo cada detalhe da rica paisagem.

Sim... É a cara do pai - percepção clara que a gente tem quando conversa com ele - quantos compartimentos e sutis convites para adentrar em cada um deles e xeretar um pouquinho!

E o humor?

Claudio divertidamente tempera as linhas do filho com sagacidade e elegância, uma vez que se norteia e olha para o próprio umbigo.
E à medida que fui conhecendo a ambos, suas complexidades, questionamentos, riquezas e a diversão de sua tão humana procura em busca de verdades íntimas, o encantamento e a identificação tomaram forma, provavelmente como aconteceu entre ele, criador e sua criatura.

Agora só posso dizer a ele:

Claudio... a cada dia está sendo um grande prazer (re)conhecê-lo!


Alina Discepolo.
Nota: (Alina é psicoterapeuta na cidade de São PAulo.)





P___R___É___D___I___F___Í__C__I___L

(Não há como ser PREFÁCIO)




A idéia para este livro surgiu, em um final de tarde de maio, enquanto o sol vermelhão se encaminhava para o horizonte; conheci uma singela senhora “beirando” as suas 80 primaveras. E foi também formada através das andanças da vida e das amizades que adviriam desse fato. A idéia se materializou e foi passada para o papel.
Mas por que resolvi dar a este livro o título de: - “EU e o ALEMÃO!” ? -
Primeiramente porque me apaixonei desvairada, louca e verdadeiramente pelo Alemão. Para alguns incautos (maldosos mesmo e por demais preconceituosos), parecerá que o autor é gay (nada contra a sexualidade de cada um), o que não é verdade (o autor ser gay), se mesmo assim quiserem ver as “coisas” dessa maneira, fiquem à vontade.Também não venho aqui me referir ao asqueroso austríaco Adolf (Hitler para os menos perspicazes) que utilizou a desculpa (perfeita e totalmente esfarrapada) de melhorar a raça ariana, exterminando milhares de Judeus, quando nem mesmo ARIANO o AUSTRÍACO era. Poderia estar me referindo - sem nada retroagir no tempo - a um certo Papa Alemão que ao chegar ao Campo de concentração de Auschwitz questionou em voz alta: ONDE ESTAVA DEUS?
Melhor é sanarmos as dúvidas, ainda ora existentes em vez de ficarmos discorrendo sobre coisas nem tão relevantes assim em relação ao presente livro de memórias:
O “EU” é o próprio escritor, representando, conseqüentemente, o “ID”, o “INTERIOR”, o INSCONSCIENTE, essas “tranqueiras” de psiquiatrias de cada um de nós.


E o ALEMÃO?     Quem será?


Isto talvez seja o que mais se pergunta neste início de leitura; para diminuir um pouco da curiosidade aí vai:
‘ O neurologista alemão ALOIS ALZHEIMER, descreveu pela primeira vez no início do século XX a doença conhecida como “MAL DE ALZHEIMER.’
Mas não vou escrever sobre Alois Alzheimer nem vou ficar páginas e mais páginas de papel (que outrora árvores foram) falando de doenças, dores, sofrimentos e angústias (também essa não é a “minha praia” por isso só já nos bastam as nossas e as que nos causam os políticos), vou discorrer sobre e ’sob’ fatos, atos, histórias que me contaram e outras que eu mesmo vivi e (re)vivi (repetidamente num espaço reduzido de tempo).
Espero que o leitor (que não é uma “POLIANA” mundana) consiga aprender a olhar o outro lado da “coisa” (no bom sentido), considerando (consideração minha) que tudo na vida segue um sistema binário, - só para me fazer entender: morte/vida, tristeza/alegria, lágrimas/risos, amor/ódio e assim por diante e inversamente, - e em sendo assim, não nos custa nada olhar o lado bom das coisas que tanto quanto pode até nos parecer ruins.
Entendo que o maior desafio aqui está em passar os sentimentos, as sensações e as emoções que me advieram e os sentimentos, sensações e emoções das pessoas que mal me conheciam e mal me conhecem ainda hoje (considerando que com algumas tive pouquíssimo contato). Isso sem contar a rapidez com que tudo acontecia e a gama de seres humanos envolvidos em cada passo que era dado por mim, enquanto todo o ‘Universo’ fazia a parte dele. Finalmente, tentar dar um bom-humor (olhar de forma diferente) para coisas por vezes tão doloridas e “iguais” ao “desigual”.
Não deixando de lembrar a todos os leitores que não pretendo aqui, dar respostas as perguntas que por ventura eu mesmo (consciente ou não) venha a fazer. ISSO NÃO É UM LIVRO DE AUTO-AJUDA! Porque neste livro como tudo no dia a dia da vida: NADA É “CRIADO”, POIS TUDO SE COPIA (inclusive esta frase), mas sempre na tentativa de enxergar o lado bom de cada coisa nem tão boa assim – como me referi lá em cima -.


E apenas para colocar na prática o que tenho aprendido ultimamente:

E                VAMOS                 QUE                VAMOS!






Capítulo - 01 - A GENTE VAI LEVANDO...”

“... Mesmo com o todavia,
Com todo dia
Com todo ia
Todo não ia
A gente vai levando, a gente vai levando..."




Sempre quando ouço essa canção de Chico Buarque de Holanda lembro-me de HUMBERTO.
Humberto para os amigos é apenas “Beto”, sobrinho e amigão do “Tio Oswaldo”.
Quem seria o “Tio” Oswaldo? OSWALDO para os mais íntimos e familiares é: “Tio Oswaldo”, figura inteligente, de um bom-humor a toda a prova, amante do mar e boêmio inveterado das ruas da Baixada Santista.
Conheci “Beto” numa noite com o céu enegrecido, mas pontilhado de estrelas, naquele tipo de noite da qual se espera um bom papo e ótimas companhias. E não poderia ter sido melhor! Por obra de arte do destino entramos no seu (do Beto) automóvel, éramos em número de quatro, dois casais; três pessoas desse grupo se conheciam há tempos, apenas eu estava sendo apresentado ao sobrinho do Tio Oswaldo naquela noite. Primeiramente fizemos um tour sensacional pela cidade Santista, não sem antes e durante haver uma preocupação exacerbada do Beto em relação a minha predisposição para tal passeio. Virava e mexia, ele perguntava se eu me encontrava confortável, e se as voltas pela cidade estavam “incomodando-me”, eu respondia afirmativa ou negativamente, pois no íntimo estava adorando e me encontrava mesmo confortável e satisfeito com aquele “tour noturno”. Enquanto girávamos e passávamos por praças, obeliscos, estátuas, ruas (com movimento ou sem nenhum), Igrejas, prédios históricos (iluminados ou não), orla da praia, porto, etc... Sempre acompanhados pela voz carregada do sotaque do Rio Grande do Sul do nosso “cicerone”. Beto discorria sobre a Cidade de Santos e não sei explicar de que forma, passou a falar do Tio Oswaldo.


- Eu recebo um telefonema em minha casa avisando-me que Tio Oswaldo havia falecido e que era para eu vir imediatamente. Tu podes lá imaginar o que é isto, tchê? – perguntou-me ele, não me dando tempo nem de pensar na resposta


– Saí eu em desabalada carreira e vim ter aqui em Santos ao redor de toda a família tchê. E não é que a bomba estourou na minha mão! Só ouvi alguém dizer:


“Guri, agora tu és quem tratas do enterro”.


E quando tomei consciência disso notei que toda a família prestava a maior atenção em mim. Expliquei que não precisavam se preocupar que eu resolveria toda aquela ‘tranqueira’. Liguei para os devidos lugares e tratei de tirar todos os documentos necessários para dar andamento ao funeral. Depois de tudo resolvido à família inteira em desespero pela perda não quis ir ao enterro do Tio Oswaldo e deixou aos meus encargos esta tarefa tchê! Como o corpo já estava no cemitério, parti para lá sozinho, em lá chegando fui avisado pela recepção que o túmulo da família estava superlotado de ossos e que só poderiam retirar os restos mortais dos meus parentes dois dias após.


- E como você resolveu esse entrave Beto? – perguntei eu com grande interesse nos acontecimentos.


- Bahahahah ! É nessas horas Guri que as coisas divinas acontecem! Estávamos a três dias de comemorar o Dia-Das-Mães e havia um cartaz de propaganda informando mais ou menos o seguinte:


“ OFERTA DO DIA DAS MÃES.Cremação que custa 3.000, nesta data comemorativa saí por 2.500”


Veja, um desconto de 500 “pilas” e ainda resolveria o problema de superpopulação do túmulo. Já vistes isto Guri? Nem pensei duas vezes tchê, só tive o trabalho de tirar uma segunda certidão de óbito (nesses casos se faz necessário) e mandei torrar o Tio Oswaldo até ele caber inteirinho numa pequenina urna de material plástico.


- De plástico Beto !?!?!?!?!?!?


- E o que tu queres mais Guri? Também pensava eu que seria de material melhor, mas pelo menos, meu problema estava solucionado. Peguei a urna com carinho, coloquei-a no banco do carona e fui dirigindo cuidadosamente para junto dos familiares que me aguardavam ansiosos com as notícias. Ao abrir a porta portando a “urninha” de material plástico, recostada amorosamente em meu peito envolta por uma das minhas mãos, ouvi a voz esganiçada de uma de minhas tias a perguntar:


“Humberto, tu não me digas que isto aí em tuas mãos é o que estou pensando que possa ser ?!?!?!?!?! ”


- Após horas de cobranças, lágrimas, soluços, caras “amarradas” e até algumas dezenas de maldições, ficou acertado por maioria absoluta, já que eu havia iniciado toda aquela “desgraça familiar” (incinerando Tio Oswaldo), seria eu a pessoa mais indicada para se desfazer honrosamente daquele féretro e do seu conteúdo. Mas aí me ocorreu uma idéia que em princípio achei maravilhosa e acertada e a expus calorosamente aos presentes:


- QUE TAL JOGAR AS CINZAS DO TIO NO MAR??


- NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOOOOooooo ! –


Todos em uníssono, a choradeira aumentou acompanhada agora por algumas “pragas” e frases recheadas com dezenas palavrões.


- Então me sobreveio a segunda idéia que sugeri humildemente:


- Já que Titio era boêmio vou espalhar suas cinzas pelas ruas de Santos pelos lugares que ele costumava freqüentar.


- INGRAAAAAAAAAAAAAAATTTTOOOOO ! – gritaram todos.


- Quase nos expulsaram (eu e as cinzas) do apartamento. Entrei no meu carro, coloquei a urna com meu tio no banco do lado e sai dirigindo pela cidade sem rumo e sem saber o que fazer. Voltei após horas e horas gastando combustível, para meu apartamento, sentindo-me exausto adormeci e quando despertei no dia seguinte a primeira coisa da qual me lembrei foi da urna com as cinzas, desci, coloquei a urna no banco ao lado do meu e fui para o trabalho rezando na esperança de ter uma boa idéia... Mas a vida sempre toma seu próprio rumo quando não fazemos nada. Depois de uma semana nesse dilema, eu já acordava e ao passar pela cômoda onde se encontrava a urninha eu aproveitava e dava um sonoro e sorridente “BOM DIA TIO OSWALDO!”


Pegava a urna, colocava-a no automóvel e fazia tudo o que um ser comum faz durante um dia. Quando podia ia a praia, cinema, teatro, restaurantes e até festas, sempre tinha a urna me acompanhando a todos os lugares. Passei até a evitar em dar caronas para não tirar Tio Oswaldo do seu sossego e do seu conforto. Nos momentos de solidão ou pequeninas depressões do dia-a-dia eu ligava o rádio e certa vez estava tocando:


“Mesmo com toda a fama,
Com toda a Brahma,
Com toda a lama,
A gente vai levando,
A gente vai levando,
A gente vai levando essa chama.”


- E eu costumava dizer: Olha aí Tio Oswaldo, esta é para o Senhor! Passei até a conversar com as cinzas, reparti meus segredos mais íntimos, minhas dores mais profundas e minhas profusas alegrias. Mas como tudo que é muito bom não dura nada, um dia por ter que alguém sentar-se no banco da frente tive que colocar a urninha no banco de trás e numa freada mais brusca a dita-cuja foi ao chão e enquanto eu acelerava e brecava, a urna com as cinzas do Tio Oswaldo , corria pra frente e pra trás. Eu até já podia sentir o mesmo enjôo que Tio Oswaldo deveria estar sentindo com aquele infindável rolar pra-frente-e-pra-trás-pra-frente-e-pra-trás. Foi então que resolvi dar fim àquele sofrimento, tanto meu quanto o do meu Tio, parti para o cemitério, procurei o coveiro e ofereci-lhe:


“ Bahahahah! Te dou “20 pilas” pra tu arrumares um jeitinho de enterrar meu Tio Oswaldo – falei isso apontando pra urninha – aqui na tumba da família”. O que foi de pronto aceito pelo servidor do cemitério.


- Pelo menos esse assunto se encerraria por aí. – disse eu do banco de trás, passando o pé de leve, sorrateira e disfarçadamente para ver se poderia tocar em algo parecido com uma urna mortuária de material plástico.


- Tu que pensas Guri que as coisas se resolvem tão facilmente, eu também pensava da mesma forma. O coveiro tentou tirar a tampa da tumba que se encontrava selada com cimento, mas não conseguiu, eles a haviam aberto aguardando o sepultamento que não ocorreu, juntaram os ossos, enfiaram em um saco e selaram a tumba novamente; ofereci mais “10 pilas”, ele quebrou um pedaço e tentou enfiar a urninha de plástico pelo buraco, não conseguiu, quebrou mais um pouco, meteu a mão lá dentro com certo esforço, tateou as cegas durante alguns minutos e retirou um saco cheio de ossos Só que ao enfiar a mão na sepultura ele a havia cortado em algo e meus olhos ficaram com a imagem daquela mão sangrando e o líquido rubro e viscoso escorrendo por sobre o saco de ossos dos meus antepassados. Dei mais 50 pilas pro coveiro, ele enfiou a urninha também já toda ensangüentada pelo buraco e essa foi a ultima vez que estive com Tio Oswaldo. Às vezes sinto falta das nossas conversas aqui dentro do automóvel.




Rimos todos com a história do enterro do Tio Oswaldo e nos dirigimos para o restaurante, pois um dos ocupantes femininos do automóvel aniversariava naquele dia e a aniversariante queria porque queria, comer caranguejo, mas isso já é uma outra história.


onde comprar: http://www.livropronto.com.br/

ou

 
e-mail: claudiokaldas@gmail.com  - ENTRE EM CONTATO.


2 comentários:

  1. Eu gostei muito desta degustação... linguagem clara e divertida, parabéns! Abraços. Rita de Cassia Werner - Nova Friburgo - RJ

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  2. Eu amei o seu jeito de escrever, parabéns, Claudio!

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